Um monte de sujeitos, com um monte de ideias, botando a boca no mundo e sendo seus próprios predicados.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Peixes Pássaros Pessoas




Sempre que leio a crítica de um novo cd ou de um artista que desponta no cenário musical, fico com a ligeira impressão de que o autor do texto preocupa-se exageradamente em encontrar defeitos e imperfeições no trabalho analisado. Sem falar no apego ao léxico técnico que impossibilita a compreensão do ouvinte leigo e parece simplificar a discussão da música, que apesar de ter sua técnica, é uma arte e, portanto, abarca questões subjetivas imensuráveis. Prefiro entender o crítico de música como o sujeito que busca novas referências e que possa dirigir nossa atenção aos detalhes que poderiam nos passar desapercebidos.

Esse texto não pretende ser uma crítica de música, mas é que hoje escutei o mais recente álbum da cantora Mariana Aydar,Peixes Pássaros Pessoas,, e como há tempos não passo por aqui, decidi escrever sobre minhas primeiras impressões.

A última década tem sido extremamente generosa pela aparição de novas e boas cantoras nacionais dentre as quais podemos citar Teresa Cristina, Maria Rita, Mônica Salmaso, Roberta Sá, Céu, Marina de la Riva e Ana Cañas. Mariana Aydar foi, então, uma das que com mais intensidade utilizou-se da sonoridade do samba e o utilizou sob uma roupagem nova. De forma muito segura Mariana apresentava em seu primeiro trabalho, Kavita 1 (2006), um samba de certa forma despreocupado e único por ser cheio de um sincretismo sonoro.

Em seu segundo cd um cavaco, o violão marcante e a flauta logo na primeira canção parecem tirar a dúvida sobre a permanência do samba, ou qualquer uma de suas variações, no trabalho da paulista. O ritmo logo dá espaço às baladas nas seguintes faixas do álbum. O xote, também explorado no cd anterior, encontra lugar em "Bandas de lá" e na alegre "Ta?". "Palavras não falam" acrescenta um novo toque caribenho. Mariana que já havia feito regravações de João Nogueira, Chico César, João Donato e uma inimaginável versão de "Deixe o verão", dos Los Hermanos, agora faz sua leitura de "Peixes", orignal da gaúcha Darma Lóvers.

A produção do disco segue a alta competência do cd anterior, com ricos arranjos e uma variação de instrumentos e timbres invejável. E pra voltar a falar de samba, o novo álbum conta com samba-canção, samba-enredo e um partido alto com a participação de Zeca Pagodinho. A voz é a mesma afinação que antes, mas ainda mais segura e consciente.

Destaques:

Palavras não falam

Manhã azul

Poderoso rei

Tudo que trago no bolso

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